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Print de WhatsApp é ilegal e não pode ser usado para condenar, decide STJ.

Por Olavo Hamilton

Advogado, Doutor em Direito pela Universidade de Brasília (UnB), Conselheiro Federal da OAB, Professor de Direito.


Em uma decisão emblemática, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) destacou a importância da cadeia de custódia e reforçou os padrões para a admissibilidade de provas digitais no processo penal. No Agravo Regimental no Habeas Corpus Nº 828054 - RN (2023/0189615-0), o STJ determinou a inadmissibilidade de prints do WhatsApp como prova, devido a falhas na manutenção da cadeia de custódia. Esta postagem explora os fundamentos dessa decisão, ilustrando sua importância na proteção dos direitos dos acusados e na manutenção da integridade do sistema judicial.





Contexto e Importância da Decisão

O caso tratou da utilização de prints de conversas no WhatsApp como prova em um processo de tráfico de drogas. A defesa contestou a admissibilidade dessas provas, alegando que a cadeia de custódia foi comprometida. O STJ concordou, enfatizando a necessidade de um manuseio cuidadoso e rigoroso das provas digitais.


Volatilidade dos Dados Telemáticos

A decisão do STJ chamou atenção para a natureza volátil dos dados telemáticos. Dados digitais, como mensagens de WhatsApp, são facilmente modificáveis e requerem cuidados especiais para garantir que não sejam alterados desde a coleta até a apresentação em juízo. A volatilidade desses dados torna a cadeia de custódia especialmente crucial.


Princípios Essenciais da Prova Digital

O STJ destacou quatro princípios fundamentais para a prova digital:


  • Auditabilidade: A capacidade de verificar se a metodologia utilizada na coleta e análise da prova foi aplicada corretamente.

  • Repetibilidade: A possibilidade de repetir o mesmo procedimento e obter o mesmo resultado.

  • Reprodutibilidade: A capacidade de utilizar diferentes métodos para alcançar resultados consistentes.

  • Justificabilidade: A necessidade de justificar o uso de determinadas técnicas e metodologias como as melhores práticas.


Esses princípios garantem a confiabilidade das provas digitais e ajudam a evitar erros judiciais baseados em evidências manipuladas ou contaminadas.


Uso de Tecnologia e Metodologia Apropriadas

O tribunal enfatizou a importância do uso de tecnologias apropriadas, como a técnica de algoritmo hash, que ajuda a garantir que os dados não foram alterados. A falta de uso de ferramentas forenses adequadas no caso questionado levou à conclusão de que a integridade das provas não poderia ser assegurada, invalidando-as consequentemente.


Ônus da Prova

O STJ reiterou que é ônus do Estado garantir a integridade e a confiabilidade das provas. A decisão sublinha que não se deve presumir a precisão das provas digitais sem uma verificação rigorosa da cadeia de custódia. O descumprimento desses procedimentos pode resultar na exclusão das provas para proteger o direito de defesa.


Conclusão

A decisão do STJ no Agravo Regimental no Habeas Corpus Nº 828054 - RN é um marco importante para a jurisprudência relacionada a provas digitais no Brasil. Ela ressalta a necessidade crítica de procedimentos rigorosos na coleta e análise de evidências digitais, assegurando que a justiça seja servida de maneira justa e precisa. Este caso reforça o compromisso do judiciário em proteger os direitos dos acusados e a integridade do processo penal em um mundo cada vez mais digitalizado.

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